Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais) as queimadas no Piauí chegaram a 5.907 de janeiro a agosto em 2112,
um aumento de 114% em relação ao ano passado.
Segundo seu José, morador da localidade Sítio dos
Pereiras de 85 anos: “ antigamente aqui ao redor da minha casa, tinha muitas árvores grandes,
sempre no finalzinho da tarde eu via muitos pássaros cantando. Era pequeno e
adorava caçar passarinho com meus irmãos e outros animais. Quando chegava o
inverno estourava água para todo lado. Eu gostava muito daquele tempo. Agora
não vemos mais nada disso, as árvores foram derrubadas para a gente plantar e
parece que junto com elas os passarinhos e os outros animais também sumiram,
hoje não tem mais árvores como antes, o que a gente vê são apenas esses arbustos
e espinheiros. No inverno os olhos d’água não estouram mais. Perguntei se ele
sabia porque isso tinha acontecido? Ele respondeu que achava que era por conta
das árvores que tinham sido derrubadas. Perguntei para ele se ele pudesse
voltar no tempo se tinha feito as coisas de forma diferente? Ele mim respondeu
que achava que não, pois naquela época
não existia televisão, ela só apareceu por essas bandas de uns 5 anos
para cá. Depois que apareceu televisão é que a gente começou a ouvir falar
desses problemas com as queimadas, mas antigamente os pais ensinavam para os
filhos, que para limpar o terreno para o plantio tínhamos que colocar fogo,
então sempre foi assim e a gente nem sabia o que poderia acontecer. Sinto muita
saudade daquele tempo, lamentou seu José.
Na agricultura queimar é o sistema de mais baixo custo
para limpar uma área, por isso é bastante utilizada. A mesma está sob a
responsabilidade do grande e pequeno agricultor, mas como os pequenos
agricultores estão em maior quantidade decai sobre eles a maior parcela de
culpa pelo maior número de focos de incêndio.
Ao queimar uma área agrícola os objetivos do agricultor
são controlar as pragas, limpar áreas para plantio, renovar pastagens e
facilitar na colheita da cana-de-açúcar. Ao mesmo tempo em que as queimadas
facilitam a vida do agricultor, trazendo benefícios em curto prazo, elas também
prejudicam a biodiversidade, a dinâmica dos ecossistemas, aumentam a erosão do
solo, afeta a qualidade do ar e pode acarretar danos ao patrimônio público e
privado (quando ocorrem queimadas próximas a rodovias, rede elétrica e entre
limites de áreas agrícolas), as queimadas ainda são responsáveis pela alteração
do microclima da região e em termos globais pela a intensificação do efeito
estufa. O desmatamento e as queimadas acabam ocasionando o assoreamento dos
rios e prejudicando os mananciais, fato esse que pode ser percebido com o
relato do seu José.
Uma área degradada pelas queimadas e pelo desmatamento
dificilmente voltará a sua condição original, o que pode ser feito é tentar
amenizar seus efeitos sobre o solo e evitar futuras queimadas em outras áreas.
Para isso aconselham-se algumas técnicas, como agricultura sustentável, que
consiste em desenvolver práticas de cultivo que respeitem o ambiente. Como
exemplo podemos citar:
Plantio em nível - neste método todas as operações de preparo do terreno,
balizamento, semeadura, etc., são realizadas em curva de nível. No
cultivo em nível ou contorno criam-se obstáculos à descida da enxurrada,
diminuindo a velocidade de arraste, e aumentando a infiltração d’água no solo.
Este pode ser considerado um dos princípios básicos, constituindo-se em uma das
medidas mais eficientes na conservação do solo e da água.
Rotação de culturas - consiste de alternar o plantio de leguminosas com
outras variedades de plantas no mesmo local. Dessa forma as leguminosas, pela
associação com bactérias que vivem nas suas raízes, devolvem para o local
nutrientes utilizados por outras plantas, evitando o esgotamento do solo.
Plantio direto - é uma técnica de cultivo conservacionista na qual
procura-se manter o solo sempre coberto por plantas em desenvolvimento e por
resíduos vegetais. Essa cobertura tem por finalidade protegê-lo do impacto das
gotas de chuva, do escorrimento superficial e das erosões hídrica e eólica.
Adubação orgânica – é um tipo de adubação realizada com restos de vegetais
(folhas, galhos, cascas de arroz, etc.), farinha de ossos e fezes de animais
(boi, vaca, porco, galinha, etc.). Esse tipo de adubação torna o solo mais poroso,
ajudando na retenção de água e na circulação do ar. Além de permitir o
desenvolvimento de micro-organismos decompositores necessários à reciclagem da
matéria.
Fontes
pesquisadas:
http://www.meionorte.com/efremribeiro/parques-e-areas-de-preservacao-sao-atingidos-por-36-incendio-em-um-so-dia-221221.html
http://www.queimadas.cnpm.embrapa.br/qmd_2000/cartilha.htm#_Toc484598288
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Solo/Solo10.php
Postado: Marluce Sousa da Silva